SAÚDE PREVENTIVA

 Não faça nenhum programa de saúde preventiva antes de consultar um profissional na área de Saúde


I. Introdução 


         O que se entende por saúde mudou ao longo do tempo. Inicialmente, a saúde era entendida como sendo o estado de ausência de doença. Assim, o médico era o agente e o hospital era o local para cuidar da saúde das pessoas. 
         Com o tempo, foram sendo realizados procedimentos de atenção à saúde fora do ambiente hospitalar: consultas médicas, exames de laboratório, exames de imagem. 
          Esses procedimentos, chamados de atividades ambulatoriais, integrados ao atendimento hospitalar constituem o sistema de saúde. 
       O conceito de saúde incorporou outros parâmetros. Além dos aspectos físicos, ou biológicos, os aspectos psicológicos e os sociais começaram a ser igualmente reconhecidos como causas de doenças. Desta forma, a saúde, de um simples estado de ausência de doença, passou a ser entendida como sendo um estado de bem estar físico, mental e social. 
         A maneira de viver, os hábitos e o ambiente de moradia, de circulação e de trabalho passaram a ser considerados importantes para a manutenção da saúde das pessoas. Muitos são os fatores de risco à saúde associados a maus hábitos como o fumo e a bebida. Características do ambiente como a poluição também são relevantes. Dessa maneira, bons hábitos alimentares e de higiene, assim como as práticas esportivas agem no sentido contrário, melhorando as condições físicas, mentais e sociais e auxiliam na prevenção de doenças. 
A saúde preventiva está associada, então, a atitudes de valorização do bem estar das pessoas, começando pelos cuidados com o ambiente e com o próprio corpo.  

 

Medicina preventiva é a especialidade médica que se dedica à prevenção da doença ao invés de seu tratamento.

 

       De acordo com Leavell e Clark[1] existe muita confusão entre os termos medicina preventiva e saúde pública e as tentativas de distinção dos termos apenas por meio de definições tendem mais a confundir que esclarecer. Segundo eles, é preferível considerar, de um lado, o modo pelo qual um administrador em saúde pública pratica a medicina preventiva e, de outro a forma porque o faz o profissional privado.

 

      As profissões de saúde relacionadas ao serviço público atuam a partir de dados epidemiológicos com a perspectiva de intervir nas doenças ou agravos de maior freqüência (transmissibilidade) e gravidade considerando sua vulnerabilidade à tecnologia existente e o menor custo possível. A rigor, os profissionais privados que atuam na área preventiva tem a perspectiva de identificação precoce através da genética médica ou exames preventivos capazes de intervir na minimização do dano e a prática médica denominda medicina de famílianão atrelada aos programas de intervenção política e social.


                                                                                                                                                                   


           O senso comum aponta que a saúde pode se resumir a ausência de sintomas de uma doença (ex.: febre, náusea; manchas na pele, etc) e de sinais concretos de que o corpo não está “funcionando” direito (ex.: Pressão alta; taquicardia; falta de ar, etc). Mas, lembrando da definição de saúde preconizada pela OMS, devemos entender o homem de forma holística, sob pena de ignorar toda a vastidão que caracteriza a existência humana.

         Doença e bem-estar não são inteiramente conceitos distintos: eles se sobrepõem, com o aumento de graus de bem-estar e da doença variando ao longo de um continuum, com um status neutro na média. Assim, o termo saúde refere-se a uma gama de estados positivos de bem-estar físico, mental e social – não apenas a ausência de lesão ou doença – caracterizada por variações nos sinais saudáveis e estilos de vida. Em estados de doença ou lesão, processos destrutivos produzem sinais característicos, sintomas,ou debilidades (BAUM, SUTTON, JOHNSTON, 2005).

         Em seu livro Psicologia da Saúde, Straub (2005, p.23) nos diz:

Podemos concordar que um sujeito saudável esteja livre de doenças, mas é bem provável que ele não esteja desfrutando de uma vida vigorosa e satisfeita. A saúde vai além disso.

    Saúde e doença estão sujeitos às influências psicológicas. Nossas emoções, comportamentos e cognições são de uma forma quando estamos saudáveis, mas mudam de maneira significativa quando estamos doentes. Além disso, o ambiente no qual estamos inseridos tem um papel importante. Nossas relações com a família; trabalho; comunidade a qual pertencemos e cultura que criamos dizem muito sobre como compreendemos a vida e como damos sentido à realidade que nos cerca. Elementos como a personalidade têm forte influência na saúde do indivíduo. Pessoas com altos índices de ansiedade, depressão, raiva/hostilidade ou pessimismo generalizado têm maior risco de desenvolver diversas doenças, como úlcera e cardiopatias (BAUM, SUTTON, JOHNSTON, 2005). Qualquer processo psicológico ou intervenção que leve a uma mudança de comportamento que vise o bem estar do indivíduo é de interesse da Psicologia.

          Sabe-se que o trabalho do psicólogo clínico esteve atrelado durante décadas ao modelo médico, onde temos alguém “doente” ao qual devemos atendê-lo de forma a proporcionar uma “cura”. Este modelo ainda continua em vigor e, obviamente, tem o seu valor. Afinal de contas, existiram, existem e sempre existirão pessoas em situação que demande a assistência psicológica. Mas é importante ressaltar que este modelo ainda foca a doença, o assistencialismo e o cuidado paliativo. O profissional psicólogo tem um formação muitas vezes (para não dizer totalmente) voltada para o atendimento individual. Mas em saúde coletiva, as práticas preventivas exigem que novas formas de atuação sejam utilizadas; técnicas sejam adaptadas ou desenvolvidas e novos referenciais teóricos sejam consultados.

     Uma das grandes ferramentas da psicologia para a área de saúde preventiva é o empowerment - “empoderamento”, numa tradução literal do inglês. Tem como objetivo ensinar os sujeitos à tomar as rédeas de sua própria vida, através da consciência crítica em relação ao binômio saúde-doença. Podemos encontrar fundamento nesta ação na idéia de Promoção da Saúde, definida na Carta de Ottawa como:

(…) processo de capacitar as pessoas para aumentar o controle sobre, e para melhorar sua saúde. Para atingir um estado de completo desenvolvimento físico, mental e bem-estar social, um indivíduo ou grupo deve ser capaz de identificar e realizar aspirações, satisfazer necessidades e mudar ou lidar com o ambiente” (OPAS,1986).

       A todo instante passamos por situações estressantes, dilemas, angústias, perdas e danos. O caos faz parte de nossa vida. Se as pessoas não aprendessem, se adaptassem, moldassem ou se deixassem moldar pelo ambiente, talvez a raça humana jamais tivesse evoluído para o seu estado atual. Seguindo essa linha de raciocínio, a psicologia da saúde irá se nortear pelos caminhos que “causam” saúde – fatores salutogênicos – do que pelos fatores que causam a doença – fatores patogênicos (WHO, 2005, p.50).
      Mesmo dotado de todo o conhecimento teórico e de técnicas de intervenção, o psicólogo da saúde precisa ainda ter em mente que não atuará só, mas muitas vezes em equipe multidisciplinar, onde discutirá propostas de intervenção junto a médicos, enfermeiros, nutricionistas e demais profissionais da área. Seu público alvo é diversificado: pacientes de hospitais ou clínicas de reabilitação; parentes que atuam como cuidadores de seus entes enfermos; trabalhadores de indústrias e pessoas que não adoeceram, mas estão num contexto de vulnerabilidade.

Indivíduos saudáveis ou em risco podem aprender comportamentos saudáveis preventivos. Freqüentemente as intervenções desse tipo feitas por psicólogos da saúde concentram-se em mitigar o impacto negativo do estresse, promovendo mecanismos de enfrentamento ou um maior uso de redes de apoio social (STRAUB, 2005 p.46).

      Trazer informação de qualidade; fornecer orientações que tenham impacto e alto grau de resolutividade na realidade das pessoas são alguns dos muitos desafios do psicólogo que pretende atuar na área de saúde preventiva.



Fonte: A Psicologia na Saúde Preventiva - Psicologia da Saúde - Atuação - Psicologado Artigos https://artigos.psicologado.com/atuacao/psicologia-da-saude/a-psicologia-na-saude-preventiva#ixzz1vq1ftNdU